A pega de caras

A pega de caras pode ser executada à barbela, quando o forcado abraça o pescoço do toiro, ou à córnea, quando os braços do forcado agarram em redor dos cornos do toiro.

Num e noutro caso o forcado deve ter o cuidado de não adiantar as mãos para não alterar a direcção da investida do toiro.

A pega dos tempos modernos, com o cite toureiro, esbelto, gracioso e sereno, concedendo as vantagens ao toiro - na distância do cite - e com as ajudas recuadas, torna a pega numa maravilha.

No cite, o parar, quer dizer que o forcado durante uns momentos se mantém quieto e firme, com os pés juntos, marcando a figura e demonstrando a sua valentia. O forcado manda, quando alegra de largo ou quando se mete nos terrenos do toiro ou quando o vai buscar e o obriga a investir. O aguentar é como que um parar reforçado. Aguentar não é só tolerar a arrancada do toiro, mas suportar com grande coragem a investida antes de começar a recuar. Templar significa ajustar a velocidade ao recuar, trazendo o toiro embebido na figura do forcado para o obrigar a humilhar.

Na pega à barbela o forcado consentiu e envolveu mais o toiro, dobrando-se mais durante a reunião. A pega à barbela é portanto uma pega mais artística.

Mas quando os toiros saem mansos, difíceis e duros, já a pega deverá ser executada com outro estilo, duro e eficaz, onde o mandar e fechar rápido á córnea é, tantas vezes, o que permite a realização da pega. A pega á córnea é portanto uma pega mais poderosa.

É na reunião que o forcado necessita de estar bem fisicamente, aguentando os derrotes iniciais, até chegarem as ajudas e o rabejador.

Quando um forcado pelo seu saber e valentia - e também por intuição - consegue vencer o medo, o perigo e as dificuldades que o toiro apresenta e consegue emoção e domínio, pode dizer-se que atinge a perfeição, Mas essa perfeição só é atingida quando demonstra naturalidade durante o cite e facilidade ao dobrar-se, a receber e a fechar-se no toiro.

Cada forcado é dotado de determinados recursos e uns, melhor do que outros, conseguem demonstrar em praça as suas faculdades. Uns mais valentes, outros mais técnicos e outros mais artistas. Alguns forcados conseguem reunir estas três qualidades e quando executam a pega, criando beleza ante o perigo, serenos e dominadores, marcando os tempos do verdadeiro toureio, conseguem transmitir ao público uma impressão de facilidade que se transforma em arte: a arte de pegar toiros."